Uma Forma Estética Própria (Noções da Estrutura de Uma Narrativa Visual)
Foi sendo vulgar, nos anos 60, ler-se aqui e além que “planificar uma narrativa” já não fazia sentido para um realizador de cinema. Esta afirmação vinha geralmente dos rapazes da jovem critica (franceses e continuadores), cinéfilos perfeitamente inexperientes, e era na realidade , gratuita e destituída de qualquer fundamento. A narrativa visual (filme ou vídeo), porque envolve muita gente, muitos meios técnicos e materiais muito dispendiosos. É cara. E fica tanto mais cara quanto mais tempo se demorar a pô-la em prática.
Se um realizador partir para a execução de um documentário ou de uma história sem qualquer planificação da narrativa, não se pode com antecedência, estabelecer um plano de trabalho (que consistem em pré-organizar todo o trabalho pela maneira mais económica e racional). Por exemplo não se deve andar com os actores e técnicos do Algarve para Lisboa, ou vice-versa, de cada vez que o realizador se lembra que devia fazer mais um cena para encaixar nas coisas registadas anteriormente. O plano de trabalho permite estabelecer que os actores, técnicos de imagem, de som, electricistas, etc. (só os necessários segundo as cenas previstas) , devem estar no Algarve x dias, após o que filmarão em Lisboa y dias em exteriores e z dias em estúdio. Se não estiver estabelecido nada do que se vai fazer e se toda a ente andar segundo a inspiração (ou falta de inspiração) diária do realizador, imaginem o que pode custar a mais uma qualquer produção!
A planificação serve também para organizar previamente as sequências (e as cenas dentro das sequências), por forma a “sentir-se” antecipadamente a história e o ritmo da narrativa, a descobrir-se os melhores “elos” de ligação para as diferentes cenas etc.
Um discurso não se prepara sem um alinhavar de tópicos, que depois se podem dividir em alíneas, para, finalmente, se escrever ou improvisar esse discurso. E que diz discurso, diz um conto, um romance, um filme ou um registo vídeo.
Na verdade, a narrativa divide-se em grandes blocos, chamados sequências, cujos limites se situam num determinado lugar ou num qualquer lapso de tempo.